Sinta-se em casa...

Eu quero beber a sua alma!
Sentir o seu sabor embebido em mistério...
Consumir a linguagem e
amargar a saliva no fel imaginário!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Carta ao suposto affair



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CARTA AO SUPOSTO AFFAIR

Ivana não hesitou em escrever uma carta aquele quem sugeria ser seu affair:
"Eu não sei sinceramente o que dizer, mas mesmo assim vou continuar...
Não entendo o ser humano, acabei de crer que é mesmo difícil entender-nos...
E agora??? Não vou me arrepender do que fiz, porque estava confusa, aflita e a partir do momento que partilhei contigo o que estava sentindo; meu interior ficou tranquilo, mas mesmo assim angustiado, agora por ter me exposto e não ter uma resposta deste momento.
Não entendo no fundo, você! Estas suas atitudes, de simples ignorância do fato, me aturdem! Continua agindo como se nada tivesse acontecido, como se nada soubesse, como se o que foi dito não fizera alguma diferença...
Porque começou então???
Perdoe-me por ser assim estranha, sei que as diferenças são altamente gritantes, mas também não sabemos nada do restante do que poderia ser (de uma química que pudesse existir) e pelo visto não poderemos saber... (que pena!!!)
Bom... gostei daqueles beijos e desde então eles marcaram meu cotidiano em lembranças, mas eu não conseguia traduzir aquela sensação, não sei se o efeito etílico tivesse rompido as fronteiras e aquele momento criado tivesse acontecido por simples capricho e o seu afastamento me fizeram entrar em recolhimento e fechar-me como uma ostra; pensando que aquilo tivesse sido, talvez, um sonho, um delírio permanente de uma mente que teima em querer ser feliz e assim vão-se os dias em pleno devaneio... desde então continuei... e, de quando em  vez, sinto uma ebulição dentro de mim, que me entontece e me intriga e lá vou eu, sonhar, divago na intenção de poder existir um elo que una duas almas em busca de... e haja imaginação para lucubrar o que possa vir!...
Eu gosto de trilhar por sensações diferentes, faz à gente se sentir vivo, ter um motivo pra continuar...
Mas, neste momento em que me encontro totalmente devotada ao reconhecimento, me perco e ainda continuo a sonhar...
Dizem que o silêncio é uma forma de confirmação, de aceitação... mas até que isso chegue ao meu entendimento e seja claro ao meu coração, ele vai fazer muitas peripécias para entender e mesmo assim ainda vai ficar confuso... E eu queria uma solução... Como queria mesmo era saber qual a sua opinião a respeito. Diga sim, não ou talvez, mas diga algo, por favor!
Mesmo assim, lhe confesso, que tudo isso está fazendo um bem enorme ao meu "eu", me despertou, me fez voltar às ações de outrora, que tanto amo; fez-me ver que a vida vale a pena (e nunca pensei ao contrário creia!)
Nossa, me sinto de alma leve e simplesmente a vontade de concluir que, se este momento não se materializar, ao menos eclodiu algo que minha essência precisava...
Agradeço-te pois, por este momento!!! Por esta percepção inequívoca, por me fazer ver que, por mais os dias continuarão a existir, mesmo sem uma explicação, mas a dúvida permanecerá e que seja feita a tua vontade, mas também pense em poder dar um rumo às expectativas de alguém que clama por um esclarecimento simples e de direito em seu ver.
Seja feliz e que a recompensa lhe seja assim como um presente e que independente de sua resposta, creia, nada no mundo poderá destituir o que foi dito e afirmo que isto ficará guardado como algo bom de se sentir, haverá um sincero despertar todos os dias com um sabor de quero mais...”
E assim, Ivana não tendo mais como divagar, lançou-se à espera...

Elaine Cristina de Alencar (Membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras)