Sinta-se em casa...

Eu quero beber a sua alma!
Sentir o seu sabor embebido em mistério...
Consumir a linguagem e
amargar a saliva no fel imaginário!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Quero me embriagar nas palavras...
Com elas compor meus momentos.
No torpor de seu efeito, exprimir todo o sentido,
Digerir letras e compor estados completos,
Saborear a ideia e nela revelar a saciedade.
Lamber a sapiência e destilar fenômenos...
Erigir as letras e nelas traduzir minha beleza.
Ah... quanta coisa boa para se fazer e se deleitar...
Beber na experiência das sílabas e com elas
Harmonizar o ideal do contato...
Poder ver erigir os poros em busca do imaginado,
E por fim traduzir a sensibilidade em composição.
Na razão do pensar e do sentir.
Ser suscetível e imaginar a ebulição...
O fascínio que exprime a atração,
Num contato lancinante que golpeia a alma,
Resume a sensação de quimera,
Deixando enfim um sabor delicado na essência
De ser!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

O Trem

            
(Clique na imagem para ampliar)

            O trem
            Apressada chegou ao guichê e pediu o destino...
            Dirigiu-se à plataforma,
            Olhou aos lados e não viu uma alma sequer...
            Todos os bancos estavam vazios,
            Não precisou de muito esforço para recostar-se em um.
            Acomodou a bagagem ao seu lado,
            Abriu a maleta e pegou seu livro.
            Um olhar absorto levou-a ao longe,
            Perdeu-se nos pensamentos e permaneceu atônita...
            Viu um quadro ser pintado à sua frente,
            Um campo vasto e ao fundo uma casinha de sapé...
            Estava tão distraída que não percebeu a aproximação da locomotiva...
            Levou um grande susto ao ouvir o estrondo do apito.
        Levantou-se desengonçada, entrou no vagão como se estivesse sendo jogada para frente, um solavanco da partida, a fez sentar n’um banco vazio ao lado de um senhor esbelto e elegante, com seu óculos na ponta do nariz, fazendo tipo de intelectual...
            Freneticamente fez-se arrumar, toda desengonçada, arranjando as saias num movimento sensual...
            Sem jeito, ali permaneceu imóvel, não entendendo o que lhe reservava o destino...
            Sofregamente suas mãos buscam algo dentro de sua bolsa para poder distrair a longa viagem, já que seu livro fora colocado junto com a bagagem no pavimento superior às suas cabeças.
            O senhor ao seu lado sentia-se absorto com seu jornal, dando a entender que as notícias eram mais importantes companheiras naquele momento.
            De tanto procurar encontrou seu livrinho de orações e foi compenetrada lendo e relendo os salmos...
            Não sei precisar o momento, em que suas vistas conseguiram enxergar o quadro pintado anteriormente em sua mente...
            Ficou imóvel e não tinha palavras para descrever seu contentamento.
            Como pode isto acontecer?
            O mesmo quadro que pensara a alguns minutos atrás poder se materializar daquela forma, tão perfeita e absoluta...
            Balbuciou umas palavras: - Lindo!!!
            Que automaticamente o senhor ao seu lado, sem jeito, perguntou:
            - Como?
            Ela, muito mais sem jeito, se arrumou no banco e disse:
            - Ahn? O que?
            - A senhora disse algo...
            -  Ah... sim é que... - e assim começou a contar-lhe o que se passava, tentando descrever com detalhes, a pintura que vira a alguns minutos em sua espera na plataforma...
            Não entendia, pois, que o que aquilo significava, como poderia ter previsto tal cena, sendo que nunca houvera passado naquele local. Ficou absorta tentando encontrar os motivos. Seria um delírio? Teria sido um sonho? O que teria sido aquilo?
            O senhor prestava atenção, agora, nas falas daquela criatura que ia encantando sua viagem. Ele transportou-se longe, só no balançar dos trilhos e na voz suave da mulher que ao seu lado mostrava-se neste momento mais a vontade, parecendo que eram velhos conhecidos de anos.
            A viagem transcorreu serena e cheia de troca de informações, os assuntos foram dos mais variados, até mesmo chegarem no momento do próximo encontro. Já que entremeios as conversas descobriram serem os dois livres, e à procura.

            Simplesmente este foi o primeiro encontro de muitos anos vividos juntos.

Elaine Alencar - É membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras
Texto publicado na Folha da Região na data de 05/06/2013 - Coluna Soletrando - Caderno Vida

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Lá estávamos nós no tradicional "happy hour", degustando uma cervejinha acompanhada com os petiscos engordativos e jogando conversa fora...
Ah... isto é um movimento normal, principalmente porque Araçatuba é aquecida por uma espiriteira, então para se acalmar a sede, temos que obviamente, procurar um local agradável para poder se refrescar.
Isto se tornou assim um ritual, no Recanto dos Amigos...
A gente chega, senta, toma o primeiro copo, nunca antes de brindar, pois como diz uma amiga: "Beber sem brindar são três anos sem ..." Aí, flue a imaginação do povo né? Pra que arriscar? Melhor nem tentar.
O líquido desce aliviando aquela sensação de sauna gratuita, parece um santo remédio que vai curando todos os males... Ahhhhh... sensação de refrescância...
E assim vai rolando um, dois , três, quinze garrafas...
"Ahn... zuzo bem"...

O Recanto e a Libertadores

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O Recanto e a Libertadores


                 Fui pega de surpresa...
            Seria uma noite normal, com atividades corriqueiras se não fosse a final da Copa Libertadores da América.
            Chegamos ao Recanto dos Amigos, nos sentamos para refrescar o dia, molhar as palavras e ali permanecemos por um bom tempo. Os amigos vão chegando puxando as cadeiras; o papo corre solto, todos os tipos de ideias e manifestações são expostas, entre os goles de cerveja que vão descendo ligeiros. O Sr.Guilhermino se aproxima solta uma piadinha e vai apressado para dentro de seu bar, vem trazendo uma, duas, três garrafas de cerveja nas mãos servindo os mais diversos paladares...
            O lugar é mesmo animado, o bar que tem por nome Recanto dos Amigos, agrega mesmo um punhado de gente conhecida que se encontra rotineiramente para tomar uns goles, se deliciar com os petiscos da D. Creuz... ops...Cráudia (ela não gosta que a chamem assim, será o São Benedito?)
            Nesse ínterim chega a Fernanda toda animada, apesar de um dia todo de trabalho, chega com um super sorriso nos lábios e já vai tomando à frente, servindo os clientes e fazendo suas brincadeiras.
            Loura do tipo fatal com jeito de moleca, esta é a filha do Guila, como carinhosamente o chamamos.
            Papo vem e papo vai, tive que me ausentar por um período e ao retornar lá estavam todos com os ânimos aflorados; exaltados os clientes faziam todos os tipos de comentários a respeito do jogo, o coitado do juiz nem se fale, "o Neymar é o melhor", "esse cara joga muito", "tem muito fôlego esse guri", "joga um bolão", "putz, ninguém merece ..."
            De repente, quase final do primeiro tempo, saidinha pra fumar um cigarrinho, quando o Santos marca o seu primeiro tento.
            Vozes roucas entoavam o cântico: goooooooooooooooooollllllllll!!!
            Uns saem pulando da cadeira, pulam, pulam em homenagem ao seu time, arrastam os que estão quietos para que estes se animem também.
            Outros praguejam, jogam indiretas, os que estão ali claro, para atrapalhar a felicidade alheia, pois são torcedores de outros times, mas desta vez, sem chance, só estava dando o Santos.
            A festa continua com os santistas exaltados e atazanando os corintianos de plantão. "Vai, vocês nem têm libertadores no currículo!", "Tem que se esforçar mais, hahahaha"
            Aí vem ela, Fernanda, animada com um rojão na mão, toda eufórica, querendo acender e dar sua contribuição na comemoração do feito do seu time. Quando solta uma expressão, que deixou todos que estavam ao seu redor perplexos, sem entender patavina:
            - Como liga??? Como liga esse trem???
            Aí como de pronto alguém grita:
            - Aperta o botão "on".
                Só se ouviram gargalhadas, risadas homéricas. Já não se sabia se ela estava brincando ou não, depois fomos saber que ela não sabia mesmo como acender o rojão, aí a gargalhada foi mais alta mesmo.
            Pudemos ver então um grande show pirotécnico em comemoração à façanha do pelotão santista em campo, dando alegria aos seus torcedores afoitos e felizes.
            Nossos momentos de descontração junto aos amigos são sempre bem ilustrados por personagens que nos abrilhantam o humor, deixando-nos leves e satisfeitos.

Texto publicado na Coluna "SOLETRANDO" do Jornal Folha da Região de 06/02/2013 www.folhadaregiao.com.br