Sinta-se em casa...

Eu quero beber a sua alma!
Sentir o seu sabor embebido em mistério...
Consumir a linguagem e
amargar a saliva no fel imaginário!

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Hobby




Em tempos de Pandemia, o que mais se pensa é em não parar! Mas como, se o que se prega aos quatro ventos, é o isolamento, é não sair de casa, para controlar a invasão maior do vírus??? Sim, isso tudo é pura verdade. Acontece que a nossa mente, NÃO PÁRA!
E para não enlouquecer, o melhor é arranjar o que fazer. Dentro dos limites do seu "quadrado", diga-se: casa! 
Vamos inventar?
Estamos vivendo um momento histórico!
As pessoas nunca se sentiram tão acuadas e sem saber o que fazer e o que pensar.
Mas se chafurdar, buscar, vasculhar, vai ver que tem muita "gaveta pra arrumar!"
Entenda-se da forma que quiser, suas gavetas precisam de arrumação e são tantas que mesmo com tanto tempo disponível, nos perdemos. Por qual começar?
Gente, como diz uma amiga, não é o "Final do Mundo, é só uma fase e vai passar... logo" (esperamos).
O corpo acostumado ao “batidão”, de estar em contato com o mundo exterior, com pessoas, com críticas, risadas, dissabores. Não se sente a vontade, com a monotonia do lar. 
O primeiro dia ainda rende, uma arrumação aqui, outra acolá. Segundo dia, vamos agora para aquele lado... e assim vamos seguindo, até que as coisas já se tornam constantes dentro de casa, é tanta coisa pra arrumar que até dá desânimo. (rs)
Nesse meio tempo, eu criativa do jeito que sou e digo de antemão: polivalente, onde eu puder me enfiar para aprender algo, ali eu estou. Há muito tempo resolvi desenhar e para aperfeiçoar os dotes que pensava ter, fiz alguns cursos na área. Tempo eu tinha, era preciso aproveitar as oportunidades. Na Pinacoteca do Estado, Praça da Luz. Fiz alguns cursos que me levaram a melhorar a técnica, os traços e me deliciar no que estava fazendo. "Nu vivo". Sim, uma pessoa se postava completamente nua em uma posição artística e os alunos curiosos, com a orientação de um professor, delineavam nos blocos de desenho seus traços. Os primeiros foram uma lástima, mas tudo na vida é questão de insistência, de treino e eu me dediquei. Não sou uma "expert" na área, mesmo porque faço várias coisas como hobby. Tudo em questão da sanidade e para queimar alguns neurônios e fortalecer a memória.
De repente, me vi numa necessidade enorme de fazer um desenho qualquer, que distraísse meus momentos da paúra que vai sendo criada, do isolamento. Procurei o material, tinha acabado de comprar algumas coisas, mas na hora de achar os lápis, cadê??? Meu filho excelente desenhista (aprendeu com a mãe, é claro rsrsrs ) Havia levado para fazer seus rabiscos, em sua nova jornada estudantil. Mesmo assim lancei mão do lápis 2B e puxei um personagem de uma foto e comecei meus traços, fui ajeitando daqui e dali, acrescentando detalhes, sombreando, sem noção de nada, pois mais de trinta anos se passaram sem que eu pegasse em um lápis e papel para desenhar algo. Na minha visão o desenho ficou ótimo, o artista sempre se vangloria de suas obras. Mas, sempre tem um “mas” na questão para atrapalhar (como diz Plínio Marcos). Os traços, ficaram disformes e assimétricos, como disse um expert, que automaticamente riu descaradamente da minha tentativa. Ahhhh, vá catar coquinho, pensei. Não sou profissional da área e não tenho necessidade alguma de agradar ninguém, a não ser eu mesma! A conversa se passou, alguns elogios tecidos, por pessoas "normais" e uns incentivos: "continua, está ótimo!" e aí o outro grita: "Nãooooooo, vai cantar que é melhor!" Já respondi de pronto, vou fazer também! Sou polivalente!
Gente, estou aqui tecendo estas linhas, na brincadeira também, como fez esse meu amigo, sei que no fundinho existe a verdade! Mas eu faço, como disse, tudo por hobby e vou continuar fazendo o que der na minha telha. Entendeu???

Elaine Cristina de Alencar (Membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de letras)
Postado na folha da Região do dia 23/06/2020

terça-feira, 5 de maio de 2020

FLASH! - jornal

FLASH!



Meus poros exalam euforia!
Um simples momento de evidência daquela partida...
Nem me recordo do momento em que nos despedimos a última vez.
Me recordo sim, das dores imensas causadas nas minhas entranhas, hoje cicatrizadas pelo tempo, que soube costurar cada motivo do distanciamento e dar novos destinos às nossas vidas, que seguiram sem olhar atrás.
Mas o conhecimento é irreversível e por mais que se queira e o tempo passe, os flashes irrompem a memória e haja dor no peito para suportar a saudade causada pela distância, do tempo, dos quilômetros em si, da ausência e do "esquecimento".
Tem coisas que não adianta, por mais que se queira, ficam martelando na mente. Os momentos bons que passamos juntos, sempre em harmonia, com delicadeza, com sabor de quero mais em todos os dias dos nossos encontros.
Aquele seu sabor, "hummmmm" inebria só de pensar, tem gosto de profundidade e prazer infinito, inexplicável!
Nossos momentos sempre foram recheados que coisas boas, olhares mágicos, toques macios, cumplicidade e carinho. Uma sinergia enorme, uma ligação de almas preponderantes ao bem viver; tão salutar, que ao nosso redor só existia um composto de plena felicidade, algo mútuo, interior...
Diga-se de passagem, assim que se iniciou nossa história: um olhar fulminante ao descer as escadas e você ao piano. Senti minhas pernas tremerem e não entendi nada, pensei estar louca, nunca havia sentido isso antes, uma atração fatal, que ficou impregnada na minha cabeça. Quando eu voltei, toda sem jeito, tentei desviar meu olhar dos seus, mas esses me devoraram intensamente. Olhar fixo, penetrante, pequenos, verdes, simplesmente lindos! :)
Você dedilhava o piano com uma voracidade e a cada nota meu corpo bailava na intensidade de conhecer-te.
Estava com amigos, não me recordo muito bem quais, pois isso faz muito tempo já e minha memória não tão boa como a sua, já não funciona a contento, o que fico deveras chateada, pois são coisas que para mim não deveriam ser deletadas nunca, pelo encantamento e magia da situação.
Só sinto a loucura que foi, quando de repente você deu um intervalo e me chamou.
Uauuuuuuuu!!! Aí sim, pensa numa perna tremendo! Se eu desmaiasse ali naquele momento pareceria normal. Ao refletir meus olhos nos teus, a luz incidiu intensamente e penetrou imediatamente em nossos corações. Nossos laços estavam ligados!
O nosso primeiro contato foi feito de magia, os corpos juntos se sentiam únicos e não queriam se soltar mais. Não tivemos medo! Nos entregamos a paixão lasciva e nos sentimos livres para amar. Uma paixão maluca, dessas que nascem para ficar impregnada na lembrança e não sair mais. Que por vezes irrompem a memória e nos fragiliza no termo saudade, que rasga o peito numa fração de segundos e fere a delicadeza de nosso cotidiano, sem respostas...
Não existe coisa melhor, do que sentir o corpo leve, a vontade de estar com a pessoa amada o tempo todo. Não querer desgrudar, lançar-se de forma natural aos movimentos fluídos, sentir o torpor dos toques na pele eriça.
Como traduzir todos esses momentos que a mente incita e joga em nossa cara, como se de alguma forma, ela pudesse apaziguar algo, sendo que no final, o que mais faz é salientar uma vontade inequívoca de ser e estar, que já não existem?
Ah! O termo saudade foi o melhor que se conseguiu traduzir em nossa língua portuguesa. Passado o “insight”, tudo volta ao normal e seguimos a vida, no que ela veio nos oferecer, pois do passado, só nos resta mesmo é abrir as gavetinhas, olhar o que tem dentro, vasculhar, separar o que se tornou inútil, reciclar e mais uma vez fechá-la, para a próxima necessidade de procurar algo ali.



Elaine Alencar
Membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras  

quarta-feira, 18 de março de 2020

Ahhhh... o amor!


Ahhh.... o amor!

É engraçado, como nos enredamos para o confronto alheio.
Um cheiro, um toque, um olhar... qualquer indício é sinônimo de uma ruptura interna.
Você se sente assim desconcertado, não sabe para que lado ir...
Se procura, se fica a espera, se vai na direção de encontro, se busca, se cala, se batalha, se beija...
É tão estranho o que se sente, que a gente se perde e fica à mercê...
O sentimento interno bagunça as extremidades e a alma levita, levita e se perde...
O sabor do primeiro beijo, tem a identidade da expectativa de ser correspondido ou não; ter sabor bom ou não e neste momento você sente que o seu coração entra em rebuliço. Sente que a química foi trocada, uma vontade louca de ficar ali sentindo o outro salivar invade sua estrutura e aí a imaginação se faz inteira e haja mesmo imaginação para sentir e sentir mais e mais...
Ahhhh... delícia, o corpo leve, te faz ficar vendo e ouvindo só o que quer...
Não adianta ninguém querer te levar para o desconforto que a sua resposta é específica e programada, quer ficar e estar em alfa o resto da vida!...
Quem não quer?
Quem não quer amar e ser amado?
Quem não quer sentir a pele erigir quando está próximo ao ente amado?
Quem não quer ficar besta, andando e falando sozinho e dando altas risadas sem motivo???
Quem não quer ver seus pensamentos invadidos com os olhares de esguio, querendo penetrar diretamente na sua alma?
Me diga você quem não está sempre assim à procura! (Se já não tem é claro!)
Parece que os movimentos do seu corpo ficam mais leves, você se sente bailar e o pensamento viaja.
De repente você sai e quando percebe está nos arrabaldes de quem quer ver e sentir... Despropositadamente, você reza interiormente para que ele(a) apareça no seu caminho... A mente cria alternativas de encontro, aqueles alheios e aleatórios, que mais dão na cara que você está ali procurando mesmo, o que queria encontrar. Muitas vezes, só o fato de se pensar próximo do outro já dá um alívio a alma e ela tendenciosamente começa a levitar..
Esses momentos são assim de pura magia, você consegue traduzir todos os seus bons gostos e levar uma bela dosagem de bom ânimo.
Tudo se torna brilhante, colorido, tudo tem graça e sabor...
Você não vê a hora de se aproximar daquele alguém, de sentir o seu toque, a sua maciez...
Uma sinergia frenética...
Uma vontade louca de ser e estar com e não desgrudar.
Um momento saudável, de pura euforia transporta a alma para um estado alfa.
Satisfação garantida!
As trocas são eficazes para um bom relacionamento, mas é necessário que sejam em movimento de soma, divisão e multiplicação.
Ah, o amor... nos transmuta, nos invade, nos enternece e nos mantém vivos!
Basta considerar aquele outro ser que te invade como sendo a sua cara metade, o seu desejo e que permaneça.
A tradução do bem estar está em ser feliz com outrem e que a vida seja leve com o caminhar juntos, é tudo que esperamos em vida!

É muito bom poder falar que coisas boas como o sentimento lindo que é amar, elas reluzem nossos ideais de ser e estar...