Em tempos de Pandemia, o que
mais se pensa é em não parar! Mas como, se o que se prega aos quatro ventos, é
o isolamento, é não sair de casa, para controlar a invasão maior do vírus???
Sim, isso tudo é pura verdade. Acontece que a nossa mente, NÃO PÁRA!
E para não enlouquecer, o
melhor é arranjar o que fazer. Dentro dos limites do seu "quadrado",
diga-se: casa!
Vamos inventar?
Estamos vivendo um momento
histórico!
As pessoas nunca se sentiram
tão acuadas e sem saber o que fazer e o que pensar.
Mas se chafurdar, buscar,
vasculhar, vai ver que tem muita "gaveta pra arrumar!"
Entenda-se da forma que quiser,
suas gavetas precisam de arrumação e são tantas que mesmo com tanto tempo
disponível, nos perdemos. Por qual começar?
Gente, como diz uma amiga, não
é o "Final do Mundo, é só uma fase e vai passar... logo" (esperamos).
O corpo acostumado ao “batidão”,
de estar em contato com o mundo exterior, com pessoas, com críticas, risadas,
dissabores. Não se sente a vontade, com a monotonia do lar.
O primeiro dia ainda rende, uma
arrumação aqui, outra acolá. Segundo dia, vamos agora para aquele lado... e
assim vamos seguindo, até que as coisas já se tornam constantes dentro de casa,
é tanta coisa pra arrumar que até dá desânimo. (rs)
Nesse meio tempo, eu criativa
do jeito que sou e digo de antemão: polivalente, onde eu puder me enfiar para
aprender algo, ali eu estou. Há muito tempo resolvi desenhar e para
aperfeiçoar os dotes que pensava ter, fiz alguns cursos na área. Tempo eu
tinha, era preciso aproveitar as oportunidades. Na Pinacoteca do Estado, Praça
da Luz. Fiz alguns cursos que me levaram a melhorar a técnica, os traços e me
deliciar no que estava fazendo. "Nu vivo". Sim, uma pessoa se postava
completamente nua em uma posição artística e os alunos curiosos, com a
orientação de um professor, delineavam nos blocos de desenho seus traços. Os
primeiros foram uma lástima, mas tudo na vida é questão de insistência, de
treino e eu me dediquei. Não sou uma "expert" na área, mesmo porque
faço várias coisas como hobby. Tudo em questão da sanidade e para queimar
alguns neurônios e fortalecer a memória.
De repente, me vi numa
necessidade enorme de fazer um desenho qualquer, que distraísse meus momentos
da paúra que vai sendo criada, do isolamento. Procurei o material, tinha
acabado de comprar algumas coisas, mas na hora de achar os lápis, cadê??? Meu
filho excelente desenhista (aprendeu com a mãe, é claro rsrsrs ) Havia levado
para fazer seus rabiscos, em sua nova jornada estudantil. Mesmo assim lancei
mão do lápis 2B e puxei um personagem de uma foto e comecei meus traços, fui
ajeitando daqui e dali, acrescentando detalhes, sombreando, sem noção de nada, pois
mais de trinta anos se passaram sem que eu pegasse em um lápis e papel para
desenhar algo. Na minha visão o desenho ficou ótimo, o artista sempre se
vangloria de suas obras. Mas, sempre tem um “mas” na questão para atrapalhar
(como diz Plínio Marcos). Os traços, ficaram disformes e assimétricos, como
disse um expert, que automaticamente riu descaradamente da minha tentativa.
Ahhhh, vá catar coquinho, pensei. Não sou profissional da área e não tenho
necessidade alguma de agradar ninguém, a não ser eu mesma! A conversa se
passou, alguns elogios tecidos, por pessoas "normais" e uns
incentivos: "continua, está ótimo!" e aí o outro grita:
"Nãooooooo, vai cantar que é melhor!" Já respondi de pronto, vou
fazer também! Sou polivalente!
Elaine Cristina de Alencar
(Membro do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de letras)
Postado na folha da Região do dia 23/06/2020